Entrevista com Rodolfo Mohr, ativista agredido por militante fundamentalista no dia 03/04

No dia 03/04, em mais uma manifestação contra a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, alguns ativistas foram agredidos por um militante fundamentalista favorável ao deputado/pastor Marco Feliciano (PSC/SP). Nós conseguimos conversar com um deles. Rodolfo Mohr é jornalista, estudante de Direito, membro do movimento Juntos! e tem nos acompanhado nos atos em defesa do Estado Laico e dos Direitos Humanos. Acompanhem o relato! 

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Estado Laico e Direitos Humanos: Rodolfo, antes de iniciar o relato, fale um pouco sobre você. Qual a sua profissão? Pertence a algum movimento social organizado, ONG ou é um ativista independente?

Rodolfo: Sou Rodolfo Mohr, jornalista, estudante de Direito, do movimento Juntos.

ELDH: Que contribuições as organizações da sociedade civil podem dar à luta pela separação das igrejas em relação ao Estado?

RM: Os diversos movimento engajados no Fora Feliciano tem uma enorme contribuição ao debate do Estado Laico. Não é fácil separar a fé das pessoas das diversas outras esferas da vida, porém é essencial que em se tratando de política, do Estado, prevaleça a laicidade como forma de tratamento igualitário a todas as religiões e às pessoas sem religião.

ELDH: Porque você acha importante se manifestar contra a presença do deputado Marco Feliciano frente à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal?

RM: A mobilização pela saída de Marco Feliciano fortalece a defesa dos direitos das mulheres, dos negros, dos LGBT, das chamadas minorias, que se contabilizadas são a maioria da população brasileira. Marco Feliciano tornou-se um símbolo na luta pela defesa da liberdade de expressão e pelo respeito aos direitos civis plenos, ainda não conquistados em nosso país.

ELDH: Na última quarta-feira, 03/04/2013, você esteve presente na Câmara Federal no ato contra Feliciano, onde foi agredido por um militante favorável ao deputado. Você poderia descrever como foi essa agressão?

RM: A agressão partiu de um militante religioso fervoroso, nitidamente estimulado por um discurso de ódio e raiva, que se transformou numa agressão a mim e outras pessoas. Tudo começou quando ele pregava, aos gritos, a necessidade de conversão dos homossexuais em heterossexuais. Quando começamos a filmá-lo com os celulares, tentou se esconder e reagiu violentamente, primeiro com chutes e depois com um tapa que acertou uma repórter. Apresentou-se antes do ocorrido, como membro da igreja do pastor Feliciano.

ELDH: Nesse episódio em algum momento você percebeu uma atitude profissional da Segurança da Câmara? Você se sentiu protegido ou ameaçado por essa segurança disponibilizada pela Casa?

RM: A Câmara agiu de maneira a gerar desconfiança. Este homem foi levado a um local, que segundo a segurança da Câmara, foi para registrar o ocorrido.

ELDH: Obrigado pele entrevista, e sigamos na luta!