Qualquer ativista que vive em Brasília possui um panorama privilegiado dos acontecimentos políticos do país. Quem não é militante, quem não está nem aí, quem se limita à assinar petições contra mensaleiros – acho válido, mas só isso não é o suficiente – não faz ideia da realidade que nos cerca. Estamos quase concluindo dois meses de luta incessante contra o fundamentalismo religioso no Congresso Nacional, e nossos atos vão desde o embate corpo a corpo nos corredores da Câmara Federal até vigílias pelo Estado Laico.
A mídia direitista, tendenciosa e de moral duvidosa, não cansa de nos pintar como “baderneiros”, “vagabundos” e – pasmem – “futuros ditadores”. Como se entrássemos no Congresso munidos de armas e escudos. Quando gritamos é para fazer valer nosso direito à liberdade de expressão, o nosso direito político, pois democracia não é só representativa, e tem sempre alguém que grita mais alto, que nos golpeia e que caça os nossos direitos – não só o de ir e vir e poder circular dentro da “Casa do Povo”, mas também o direito à opinião. Do contrário, porque na última reunião Feliciano só deixou que pessoas favoráveis à ele entrassem?
Falam tanto em ditadura gay, mas não vejo nenhum gay obrigando um hetero a deixar de ser hetero. Falam tanto em feministas “aborteiras”, mas não vejo nenhuma feminista obrigando alguém a realizar um aborto. O que vejo são projetos absurdos querendo instaurar a cura gay ou obrigar mulheres a aceitarem até os filhos gerados em um estupro.
Enquanto o obscurantismo cresce no espaço político, pessoas das mais diversas cores, credos, classes e orientações sexuais estão, nesse momento, realizando mais uma vigília pelo Estado Laico. Porque a única coisa que temos é a nossa voz e o legítimo desejo para ver esse país se tornar Estado democrático de verdade.
Um recado para uma fundamentalistas: NÓS NÃO VAMOS PARAR! É melhor irem se acostumando, porque ainda iremos incomodar MUITO!
Fotos por Cícero Bezerra.