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OAB e entidades sociais denunciam Feliciano e Bolsonaro por campanha do ódio

Porque coisa boa também merece ser anunciada! O nosso muito obrigada à todos os deputados e deputadas que estão na Frente Parlamentar de Direitos Humanos, às entidades da sociedade civil, à OAB e à todos que não fecharam os ouvidos aos apelos da população brasileira, sobretudo aqueles que mais precisam de atenção e segurança! Juntos somos mais fortes!

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Liderando um grupo de mais de vinte entidades ligadas aos direitos humanos, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enviará, na próxima semana, representação ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, contra os parlamentares Marco Feliciano (PSC-SP) e Jair Bolsonaro (PP-RJ). A entidade quer que a Corregedoria da Câmara puna os dois por quebra de decoro parlamentar em virtude de divulgação de vídeos considerados difamatórios.

Em um dos vídeos, Bolsonaro teria editado a fala de um professor do Distrito Federal em audiências na Câmara para acusá-lo de pedofilia e utiliza imagens de deputados a favor da causa homossexual para dizer que eles são contrários à família.

Para o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Wadih Damous, essas campanhas de ódio representam o rebaixamento da política brasileira. “Pensar que tais absurdos partem de representantes do Estado, das Estruturas do Congresso Nacional, é algo inimaginável e não podemos ficar omissos. Direitos Humanos não se loteia e não se barganha”, disse. Indignado com os relatos feitos por parlamentares e defensores dos direitos humanos durante reunião na sede da entidade, Damous garantiu que “a Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB será protagonista no enfrentamento a esse tipo de atentado à dignidade humana”.

A campanha difamatória vem sendo difundida na internet contra os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF), Domingos Dutra (PT-MA) e os ativistas Tatiana Lionço e Cristiano Lucas Ferreira, ambos do Distrito Federal. Na reunião com a CNDH da entidade dos advogados estiveram presentes, além dos deputados acusados na campanha difamatória, representantes da secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, do Conselho Federal de Psicologia, e ativistas dos movimentos indígena, de mulheres, da população negra, do povo de terreiro e LGBT.

O deputado Jean Wyllys considerou o encontro extremamente importante para levar para o centro das discussões um tema que é normalmente tratado como um tema menor da política e relegado à periferia aos assuntos de interesse da OAB. Segundo ele, a Frente em Defesa dos Direitos Humanos e Minorias vem fazendo o possível para que os responsáveis pela campanha difamatória não permaneçam impunes. No entanto, o assunto precisa receber uma atenção maior do governo federal, admitiu o parlamentar”

“Estamos falando de um ataque criminoso de parlamentares contra cidadãos brasileiros”, disse o parlamentar. “Eu fico muito feliz com essa decisão da OAB porque o sentimento de desamparo que esses ativistas estão sentindo eu também experimentei. Só que eu tenho uma vantagem: sou deputado federal e tenho minimamente uma estrutura que pode servir de defesa pra mim”.

Fonte: Jornal do Brasil

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Nossos guerreiros Tatiana Lionço e Cristiano Lucas com deputados da Frente Parlamentar de Direitos Humanos e advogados da OAB. Justiça será feita!

Somos todos Cristiano e Tatiana!

Por Ana Vitória Sampaio

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Na última semana vimos mais um militante ser vítima do deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ). Da mesma forma que fez anteriormente com Tatiana Lionço, que teve sua palestra editada de forma tendenciosa ao ponto de colocá-la como defensora da pedofilia, Cristiano Lucas Ferreira não escapou da violência moral que o deputado acostumou-se a  golpear seus oponentes. Um vídeo gravado em um contexto específico de protesto, em que Cristiano aparece respondendo a alguém num claro ato de defesa da sua condição, foi editado, cortado e divulgado nas redes sociais de maneira manipuladora e vexatória, tendo a palavra “orgulho” transformada em “c*”. Agora todos sabem o seu nome, sobrenome, local de trabalho e número de matrícula na Secretaria de Educação do Distrito Federal.  Muitos apelam para o artigo 5º da Constituição que prevê a livre expressão de pensamento e de crença, mas nem todos se lembram de seu outro parágrafo que afirma: “X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;” . Tenho que destacar, também, que diversos usuários do Youtube viram seus comentários em defesa de Cristiano desaparecerem rapidamente da página do deputado, e que EU não consegui fazer mais nada pela minha conta. Nem mesmo comentar outros vídeos ou responder mensagens privadas que haviam deixado para mim. Reinaldo Azevedo, quem é o ditador aqui?!

O problema é que nem Cristiano e Tatiana gozam de imunidade parlamentar. O problema é que eles são trabalhadores inseridos na dura realidade do mercado, como a maioria dos brasileiros. O problema é que os episódios dos quais foram vítimas provam os riscos que ainda existem em levantar uma bandeira. Porque Bolsonaro pode ser autor de atos ofensivos, como mandar ativistas darem o c* (aliás, que obsessão é essa que ele tem pelo reto?), enquanto nós não podemos nem nos defender. Do contrário nossas palavras serão manipuladas, nossos rostos estarão estampados internet afora, com nossos endereços de trabalho disponíveis para qualquer um ir nos “visitar”. Enquanto o deputado tem à sua disposição seguranças para garantir trajetos tranquilos, nós andamos de ônibus ou em carros populares financiados em 3  anos.

Hoje as vítimas são Cristiano e Tatiana. Amanhã seremos eu e você, tendo nossas vidas e intimidades escancaradas à qualquer ser mal intencionado e preocupado com nossas partes íntimas.

Termino aqui com um texto de Cristiano. Que tenhamos a mesma coragem que ele! Virtude que tenho valorizado cada dia mais:

Sobrevivi a um pai homofóbico, violento e alcoolatra;
Sobrevivi aos murros, chutes, cuspidas, xingamentos na infância;
Sobrevivi a um estupro coletivo na adolescência;
Sobrevivi ao primeiro ano de minha já longa carreira como professor quando em 94, os pais obrigaram a diretora da escola onde trabalhava a trocar meus alunos e alunas de sala, por eu ser… gay;
Sobrevivi as dificuldades para entrar numa universidade pública;
Sobrevivi a homofobia na Casa de Estudantes onde morava;
Sobrevivi a perseguição política desde que comecei a militar no movimento estudantil, no MST, no movimento sindical;
Sobreviverei novamente;
Sobreviveremos!
“Cuidado, moço!
Cuidado com esse ser que educa
Porque ele tem pacto com a imortalidade
E compromisso com a verdade e a LIBERDADE!

Obrigado, pessoal, pelo apoio!